Instituto da USP vai monitorar a represa
Os vereadores acompanharam nesta segunda a coleta de água pela Escola Técnica Estadual Vasco Antônio Venchiarutti (ETEVAV) em vários pontos da cidade. O objetivo é confirmar os testes da DAE que mostram a potabilidade da água consumida em Jundiaí. O primeiro ponto de coleta foi o reservatório R4, que fica ao lado da Estação de Tratamento de Água (ETA) do Anhangabaú.
Ali, os vereadores foram recebidos pelo superintendente da empresa, Eduardo Pereira, e pela engenheira química Tânia Ferraretto, responsável pelo controle de qualidade da água. Pereira garantiu que o gasto extra no tratamento, com a adição de carvão ativado (que já chega a R$ 100 mil) não será repassado ao consumidor. Ele também salientou que a água não tem nenhum problema e que não há poluição no Rio Jundiaí-Mirim.
A engenheira química revelou o nome do microorganismo que está causando o cheiro desagradável na água: é a Anabena. De acordo com estudo do Grupo de Processos Biotecnológicos da Universidade Federal de Santa Catarina, trata-se de um tipo alga cianofícea ou cianobactéria. Esse tipo de organismo não pode ser classificado simplesmente como alga e nem como bactéria comum. Na verdade, trata-se de um microorganismo com características de bactéria e de alga ao mesmo tempo, já que embora não tenha membrana celular realiza a fotossíntese.
Costuma haver confusão na nomenclatura destes seres. Tanto que, para simplificar, Tânia as chama de algas. Esse microorganismo libera substâncias que dão sabor esquisito à água, como a geosmina e o metilisoborneol (MIB). As substâncias não são eliminadas no tratamento convencional da água. Somente com processos mais caros ou com a adição de carvão ativado.
A preocupação é que outros microorganismos se desenvolvam em grande escala na represa. Alguns deles produzem substâncias neurotóxicas ou hepatotoxinas. Uma dessas toxinas, a microcistina, foi responsável pela morte de 65 pacientes que faziam hemodiálise em Caruaru (PE), em 1996. A água utilizada no processo estava contaminada com a microcistina.
Mas o assunto será melhor estudado pelo Instituto de Biologia da USP, que irá fazer um acompanhamento da água da represa do Rio Jundiaí-Mirim. O superintendente da DAE não detalhou o convênio, mas disse que a partir de agora a DAE manterá uma atenção constante. "Nós nunca precisamos adicionar carvão ativado à água pois nunca tivemos esse problema".
Testes
Além da coleta de água para testes no reservatório da ETA, a equipe da ETEVAV recolheu amostras também no Jardim Estádio (residência na Rua Gumercindo Soares de Camargo), Vila Hortolândia (Rua Cândido Mojola) e Parque Residencial Jundiaí (vizinho ao Almerinda Chaves, na Rua Benedito Marinho dos Santos). O resultado deve sair em dez dias. A DAE também coletou amostras nos mesmos pontos.
Mesmo sem os resultados, os vereadores de oposição defendem uma investigação mais profunda sobre a questão, através da criação de uma Comissão Especial de Inquérito. Para eles, há suspeita de que o lançamento de esgotos no Rio Jundiaí-Mirim tenha contribuído para a profiferação de microorganismos. O presidente da Câmara, vereador Luiz Fernando Machado, disse que independente da criação de uma Comissão Especial, o Legislativo vem empreendendo todos os esforços para apurar tudo com a maior transparência.
Peixes
Embora a pesca não esteja regulamentada na represa do Rio Jundiaí-Mirim, os moradores da região costumam pescar ali. A engenheira química Tânia afirma que não há risco no consumo de peixes da represa.
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Saiba mais:
- Portaria 518/2004 - Ministério da Saúde 671.10 Kb - dispõe sobre a vigilância e o controle da água para consumo humano.
- A Tragédia de Caruaru - Revista Med Online
- Informe do Centro de Vigilância do Estado de S. Paulo
- Fundação Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Unidade de Pesquisa em Cianobactérias.