"Não precisamos viver na Lei da Selva"
Dom Gil assume a Arquidiocese de Juiz de Fora (MG) no dia 28 próximo. Assim, a presença na Câmara teve tom de despedida. Ele foi bastante elogiado pelos vereadores pela sua atuação durante cinco anos frente à Diocese de Jundiaí, que tem 11 cidades. E recebeu uma placa como homenagem da Câmara.
O presidente José Galvão (Tico) suspendeu sessão logo após a votação do primeiro item e chamou Dom Gil ao plenário. Ele foi convidado à mesa juntamente com Maria Rosângela Moretti Serra, coordenadora da Campanha da Fraternidade na Diocese. Ela explicou o funcionamento da Campanha e em seguida falou Dom Gil.
Indústria do medo
O bispo salientou que o texto base da Campanha contém estatísticas "assustadoras" sobre o crescimento da violência. "A razão desta Campanha da Fraternidade não é só uma insegurança estabelecida. Mas é uma insegurança crescente, pois cada ano que passa nos sentimos mais vítimas dessa situação e desse problema", pontuou. "A Campanha da Fraternidade deste ano quer propor uma reflexão em nível nacional sobre esse estado de coisas que nos põe num clima de uma espécie de guerra oculta e silenciosa e de medo constante. A indústria do medo existe no nosso meio".
Embora tenha destacado que todos são responsáveis por esse "estado de coisas", Dom Gil cobrou ação do Governo. "O problema da segurança pública, meus amigos, é um problema do Governo. O Governo tem de garantir a nós um estado de segurança. Nós pagamos o Governo para isso. Nós pagamos impostos e ele tem que garantir paz para todos. Ele tem que garantir que nós vivamos em segurança".
CDP nunca sai
Após o discurso, os vereadores comentaram o tema e Dom Gil, nas respostas, cobrou melhorias na educação como uma das medidas para diminuir a violência. Ele condenou o material distribuído pelo Governo Federal às escolas. Os folhetos de educação sexual, observou, parecem mais manuais de promiscuidade. "Parece que evitar a doença basta, o resto as famílias se virem".
Um outro item que precisa de urgência, na opinião do bispo, é a atenção à questão carcerária. "Enquanto Jundiaí não solucionar o problema da superpopulação da cadeia, ela não terá paz. E o CDP (N.R.: Centro de Detenção Provisória) nunca mais que sai. Temo uma cadeia para 120 presos e nunca encontrei menos de 300, já encontrei mais de 400". Ao final, disse que, embora isso não dependa exclusivamente dos vereadores, a solução também passa pelo Legislativo. "Eu acho que isso compete aos senhores também", comentou, referindo-se aos vereadores.
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