Projeto do mototáxi enfrenta resistência
O autor do projeto é o vereador Fernando Bardi (PDT). Ele informou por meio de sua assessoria que foi convocado para uma missão de trabalho como delegado em São Paulo e por isso deixou a cargo de seu assessor Olavo Françoco a participação no debate. Ele defendeu a criação do serviço observando que o Governo Federal baixou regulamentação tanto para mototáxi e motofrete. Agora depende de cada município implantar, desde que haja curso de capacitação para os motociclistas.
Apesar da atribuição de criar o serviço de mototáxi seja do Poder Executivo, o vereador Fernando Bardi decidiu manter o projeto tramitando para provocar o debate, explicou o assessor Françoso. Ele observou ainda que vários municípios já implantaram o serviço com sucesso.
Mas o projeto recebeu apenas o apoio do motociclista Edmilson Ferrari, que diz ter passado metade da vida em cima de uma moto (22 anos de profissão). Ele trabalha em São Paulo e vê a moto como um importante transporte alternativo. "Nosso trânsito cada vez vai ser pior e o caminho é esse. Minha área é motofrete mas fiz questão de vir aqui para dar minha opinião", detalhou, apontando cidades onde o mototáxi deu certo, como Atibaia, Itu e Ibiúna. Mas independente da aprovação do mototáxi, ele salientou que é importante capacitar melhor os motoboys da cidade e realizar campanhas de conscientização tanto dos motociclistas, pedestres e motoristas. "Há uma falta de compreensão muito grande entre essas três partes". Detalhe é Edmilson também é motorista e diz já ter sido incompreendido por motociclistas quanto estava ao volante.
Já o presidente do Sindicato dos Taxistas de Jundiaí e Região, Atílio Brescancini, salientou que de acordo com a Federação dos Taxistas do Estado, tem aumentado o número de acidentes com mototáxis. Ele também acredita que a implantação do serviço vai trazer prejuízos para os taxistas convencionais e que há outras formas de gerar renda com a moto.
Paulo Moretti, do Conselho da Pessoa com Deficiência falou em seguida e declarou que o organismo é radicalmente contra a aprovação da lei do mototáxi. Ele destacou que a iniciativa prejudica a pessoa com deficiência porque não é acessível. Além disso, trata-se de um projeto "predador" pois quanto mais gente utilizar mais deve cair o número de passageiros dos ônibus, provocando o aumento da tarifa. "Há cerca de 52 mil pessoas com algum tipo de deficiência na cidade e não precisamos de mais. O Brasil já produz seis mil deficientes por ano em acidentes de trânsito. Não precisamos de mototáxi", alertou, lembrando o perigo de trafegar de moto.
* Observação: mototáxi (ou moto-táxi) é um verbete recente que ainda não foi incorporado aos dicionários. Quando da elaboração do projeto de lei foram utilizadas as regras da antiga ortografia para grafar moto-táxi, com hífen. Com as novas regras, o correto é grafar sem o hífen, mototáxi. Mas encontramos três tipos de grafias sendo utilizadas em diversas publicações: com hífen, sem hífem e como uma palavra única, sem separação alguma.